segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Como ser Livre sendo LIVRE?

A liberdade é algo difícil de ser vivenciada porque no fundo é mal compreendida, pois ao se tentar viver em liberdade corre-se o risco de fazer tudo o que der vontade ultrapassando qualquer limite de bom senso e ser colocada em cheque o respeito ao próximo, e em contrapartida podemos cair no erro de deixarmos de viver a liberdade por conta do que outros podem pensar ou deixar de pensar. Então qual a forma ideal de ser livre? Ainda temos o problema de não respeitarmos a liberdade das outras pessoas, somente a nossa mesmo e julgarmos as outras pessoas com o que temos de conceitos do que é certo e o que não é certo. Então qual a solução para esta questão?

Ao tratar este tema, o Apóstolo Paulo escreveu aos cristãos da cidade de Corinto em sua Carta conhecida como “I - Corintios” resumindo o conceito de liberdade nestes termos: “todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convém”(I Co 10:23-33). É interessante saber que Corinto era uma cidade onde tinha gente de todo os lugares do mundo daquela época (I século) fazendo da Cidade um local de todo o tipo de crenças fazendo com que o comum para eles era ter uma vida em libertinagem, ou seja, usar da liberdade sem ter bom senso, ultrapassando todos os limites possíveis por conta de se pensar em viver a seu bel prazer. E também na cidade de Corinto tinha as pessoas podavam a liberdade dos outros por conta de suas ideias pré-concebidas sobre o que era o certo e o errado, pelas rígidas tradições religiosas, destacando-se nisso o judaísmo, e ainda como resultado das inúmeras escolas filosóficas existentes, as pessoas se tornavam defensoras de seus pressupostos como as que detinham a verdade não dando espaço para que as outras pessoas escolhessem livremente o que fazer.

O pressuposto apresentado pelo Apóstolo aponta para uma maturidade nos relacionamentos que faria com que cada pessoa soubesse discernir o que é a liberdade acompanhada da responsabilidade de viver bem na sociedade em qualquer situação sem ultrapassar os limites, sem aprisionar ninguém e nem cristalizar o que é certo ou o que é errado. Isto é difícil de ser concebido em uma sociedade que é demasiadamente religiosa, onde tudo tem uma forma, um padrão rígido de “podes e não podes”.

Uma criança precisa passar pela fase de saber o que pode ser feito e o que não pode, mas quando ela cresce, tem a consciência do que é a melhor escolha e o que convém ser feito. Da mesma forma, uma sociedade que se diz cristã, precisa crescer para atingir essa maturidade e assim cada indivíduo vivenciar a liberdade proposta pelo Evangelho de Cristo. Uma liberdade com responsabilidade, uma liberdade que respeita o próximo e que o próximo respeita a liberdade do outro.

O resultado desta genuína liberdade irá gerar justiça, pois se cada pessoa tiver a consciência do que é justo e bom para ela mesma, não deixando de lado o bom senso e a verdade, e ao mesmo tempo ser consciente do seu papel na sociedade respeitará o espaço dos outros e assim diminuirá a criminalidade, a corrupção, a injustiça social, a violência, a ocultação da verdade, etc. 

domingo, 17 de dezembro de 2017

O VENTO SOPRA ONDE QUER


“O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito” João 3:8

Estas palavras de Jesus Cristo para Nicodemos trazem algumas verdades que precisam ser compreendidas para que assim como este fariseu, consigamos ter a oportunidade de viver intensamente, livres para causar as transformações provenientes de sermos naturalmente pessoas que deixam marcas assim como o vento deixa onde passa.

A primeira consideração é sobre a pessoa de Nicodemos. Ele era um dos fariseus mais importantes na época de Jesus e que por algum motivo estava em crise, pois cria que Cristo vinha de Deus conforme suas próprias palavras, mas que alguma coisa o impedia de ver claramente o que estava acontecendo e assim não conseguia se lançar plenamente no Reino de Deus, um Reino tão esperado pelos judeus.

Outra consideração importante é que Jesus ao falar do vento estava completando a ideia da necessidade dele nascer de novo, primeiro da água (nascimento natural), agora do Espírito (nascimento que provém da fé). E da forma que Jesus constrói o argumento, o exemplo do vento tem haver com as atitudes daquele que era nascido de novo, um novo homem precisava viver e deixar para trás tudo o que o prendia, o deixava morto, precisava nascer novamente de acordo com a fé que liberta de todo o tipo de prisão, da cegueira causada pela religiosidade, do medo do novo que já estava diante dele e era vindo da parte de Deus, dos preconceitos, do egoísmo e etc.

Quero pensar um pouco no pressuposto que Jesus evidencia neste diálogo, além, é claro, de todo o entendimento que esta conversa mostra sobre a necessidade da fé em Cristo para a vida eterna. É o que ele declara: “E assim é todo aquele que é nascido do Espírito” – É como o vento. Cristo passou a mostrar como é um homem que nasceu de novo, com a mesma essência do Espírito de Vida, com a essência do Criador.

O primeiro detalhe é que o vento é livre, não se pode prender o vento, ninguém consegue, nem a mais rígida estrutura. Também não se pode dar forma para ele e assim, ele sopra, ele age onde quer e precisa soprar. Ele sabe a hora de agir, o que tem que fazer, sabe quando é o outono (como é registrado na música “O Vento” de Gladir Cabral) e que precisa soprar mais forte para que caiam as folhas, para novos recomeços, e sabe como agir em cada estação.

O vento também não faz acepção dos lugares para onde ir, ele sopra nos lugares “nobres” das cidades como também nas favelas, nas mansões e nos barracos, sopra para presidentes e para catadores de lixo. Ele faz voar pipas e aviões, leva os barcos a vela aos seus destinos, traz os pedidos de socorro, sobe as montanhas, desce as ruas e move as ondas do mar. Enfim, essas e muitas outras funções importantes.

Creio que Nicodemos depois desta conversa, ficou pensando em sua vida, e como ele precisava dar um rumo diferente para tudo o que cria até então, precisava deixar para trás os conceitos errados provenientes do farisaísmo, e ter novas posturas e aceitar um novo tempo, as coisas novas de Deus para a humanidade, e assim, ser livre para viver o que Cristo estava propondo para ele se tornar útil e marcar aquela geração em que vivia.

Assim como Nicodemos, todos nós precisamos passar por esse novo nascimento e como o vento que muda de direção e força o tempo todo, e não sabemos de onde vem e nem pra onde vai, precisamos estar atentos à direção que Deus dá as coisas todos os dias, e crer nesta direção para vivermos livres de tudo o que nos prende e assim, sermos úteis aos homens e marcarmos as vidas de todos, independentemente do tipo de lugares e de pessoas, agindo conforme a necessidade, no tempo certo.